Possivelmente o mecanismo mais moderno, eficaz, holístico e ecológico à disposição das empresas é a franquia. Através da franquia uma empresa reproduz sua essência, o que tem de mais nobre, qual seja, tecnologia, concepção e imagem. A franquia não convive com qualquer tipo de limite, seja ele geográfico, temporal ou físico. Como se tudo isso já não bastasse, a franquia representa a essência da parceria, ou, se quiser, da terceirização das relações com os clientes. Depois de toda essa demonstração de entusiasmo, parece-me oportuno que se estabeleça entre nós um consenso sobre o que seja uma franquia.
Quando se consegue formatar uma tecnologia com identidade conhecida, pode-se fazer chegar isso a alguém que tenha interesse em, mediante determinadas condições, utilizar essa concepção.
Quando se analisam as vantagens de um sistema de comercialização franqueado, em comparação com a convencional rede de filiais, as vantagens do primeiro ressaltam, sem necessidade de análises muito profundas.
No caso de uma filial, a empresa destaca um "pedaço" dela própria em busca de outra localização geográfica. Teoricamente, parte do que vinha sendo feito na matriz é destacado e passa a ser feito na filial. Digamos que esse seja o primeiro momento. Ocorre que, logo a seguir, ou seja, num segundo momento, a matriz retorna à sua forma original e, na realidade, passa a haver um crescimento da organização, ou um inchaço, até mesmo para administrar a filial.
O mais grave é que o "pedaço" da empresa que foi destacado para constituir a filial leva consigo o modelo de estrutura existente na matriz, ou seja, há uma tendência a se reproduzir na filial tudo aquilo que existia na matriz, seja ou não necessário.
Você bem pode avaliar o que significa isso.
O gerente da filial, por exemplo, entende que deva ter uma secretária, como qualquer outro gerente da matriz; a secretária, por seu lado, deseja dispor de todos os recursos tecnológicos existentes na matriz, sejam ou não necessários, e assim por diante vai se constituindo a miniatura da entidade de origem.
Nesse caso, o resultado não é nem um pouco ecológico, pois o que temos não é um novo organismo dimensionado de acordo com a função que exerce, mas uma cópia do organismo original, sejam ou não necessárias as funções que existem naquele.
Você acha que estou exagerando?
Posso estar caricaturando, destacando os traços mais relevantes, mas na prática o que se passa é semelhante ao que descrevi. E observe que nós trabalhamos com a hipótese de termos aberto uma filial. O que acontece quando abrimos dezenas de filiais? Dá para imaginar de que tamanho fica a unidade central, ou seja, a matriz.
Pois bem, no caso de trabalharmos com franquia a situação é diferente. Como a franquia se constitui numa unidade nova, numa empresa nova, essa assumirá, até mesmo por razões de sobrevivência, o tamanho e a configuração necessários para exercer sua função. Essa função, por outro lado, permite que se reduza proporcionalmente o tamanho da matriz.
Gradativamente, quanto maior for o número de franqueados, menor poderá ser a matriz, pois as áreas operacionais estarão sendo transferidas e estaremos nos concentrando somente na concepção, que será mantida como uma atividade centralizada na empresa franqueadora.
Não entrarei em detalhes quanto aos tipos de franquias existentes. Para isso há uma extensa bibliografia disponível.
Mantendo o propósito inicial deste texto, restrinjo-me somente à abordagem dos aspectos relacionados com a modernização das empresas através de mecanismos hoje já consagrados.
Existe um tipo especial de franquia, entretanto, sobre o qual vale a pena fazermos uma reflexão.
Trata-se da grife. A grife é o modelo mais avançado de franquia de que se dispõe atualmente, pois ela, usualmente, transfere, via concepção, somente a imagem. Claro, junto com essa transferência temos uma exigência de especificações, geradoras das condições que viabilizam a qualidade, algo essencial para que se preserve a própria imagem franqueada. Usualmente no processo de franquia de grife não há qualquer transferência de matéria, mas somente de concepção e imagem.
Texto adaptado do livro A Empresa Imortal, de Carlos Reinaldo Mendes Ribeiro, Segunda edição da Ed. Vozes (esgotada).
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Faça seu comentário, registre sua experiência.