As empresas, geralmente, são representadas sob a forma de uma pirâmide,
como esta:
A altura da pirâmide é determinada pelos níveis de autoridade existentes na
empresa. Isto é, quando alguém manda em alguém ele fica colocado acima do
subordinado.
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As empresas costumam definir alguns níveis hierárquicos, mas na realidade
cada um destes níveis corresponde a muitos subníveis, se é que se pode chamar
assim, ou seja, uma empresa que tem sete níveis hierárquicos reconhecidos na
verdade pode ter dezenas de níveis.
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Na prática não interessa quantos são os níveis formais, o que interessa é
que sendo a altura da pirâmide determinada pela linha de autoridade, existirão
tantos níveis quantas forem as relações hierárquicas existentes.
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Quando se fala em relações hierárquicas vale lembrar que salários
diferenciados dentro de uma estrutura hierarquizada significam níveis reais de
hierarquia, ainda que a estrutura não os reconheça e os cargos não os
explicitem.
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Aceita esta realidade, pode-se bem avaliar a ineficácia dos chamados
programas de achatamento da pirâmide, pois o mais que estes programas conseguem
fazer é achatar as pessoas, o que, convenhamos, não é nada agradável.
Quando se faz uma redução de níveis, e este é um processo longo e sofrido,
o que se faz na realidade é um artificialismo, um formulismo, um modismo, ou
seja lá que outro " ismo" queiramos utilizar.
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Não conheço nenhum programa de achatamento de pirâmide que não tenha gerado
expressivas perdas de capital humano por inadaptação à nova realidade e que não
tenha produzido um nivelamento artificial, gerador de passivos trabalhistas
ocultos que um dia poderão se explicitar.
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Quando existe hierarquia, é inútil querer achatar a pirâmide. A alternativa
é a supressão da hierarquia e, neste caso, não teremos uma redução de níveis,
mas sim um desabamento da pirâmide.
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Aparentemente isto deve ser muito mais traumático do que uma redução de
níveis. Na verdade não é.
Certamente cabe aqui uma pergunta.
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Estando todos no mesmo plano, como se podem identificar as diferenças
existentes entre as pessoas?
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Essa é uma falsa questão, pois ninguém disse que todas as pessoas ficariam
no mesmo nível.
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O fato de a pirâmide desabar, restando apenas as áreas de responsabilidade,
determina o surgimento de uma nova pirâmide, só que invertida.
A falada inversão da pirâmide, tão difícil de ser entendida pelos
empresários, nada mais é do que uma estrutura em árvore, tendo por tronco os
Diretores, por galhos, os Gerentes, e assim sucessivamente até se chegar à copa
da árvore representada por aqueles que antes estavam achatados pelo peso de uma
estrutura que se situava sobre eles e agora serve de sustentação para o
desenvolvimento da empresa.
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É ou não é muito mais lógica esta configuração?
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Tenho certeza de que você concorda que é muito mais "ecológica" essa
estrutura em comparação com a pirâmide convencional.
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Muitos autores seguem adiante nesta configuração naturalista, identificando
que a tecnologia deve ser representada pelas raízes, ponto de partida para o
fluxo da seiva que irá alimentar toda a organização.
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Certamente você simpatizou com este modelo, mas se questiona sobre o que
precisa fazer para adotá-lo na sua empresa.
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Não vou enganar dizendo que é fácil. Na verdade é muito difícil e exige uma
vontade política forte para que se possam vencer as resistências que sustentam o
conservadorismo.
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O que interessa não é a representação esquemática que a empresa assume. O
papel aceita tudo. O que interessa é a empresa ser realmente uma organização
onde a autoridade foi substituída pela responsabilidade.
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Texto transcrito do livro A Empresa Imortal, de Carlos Reinaldo Mendes
Ribeiro, Segunda edição da Ed. Vozes (esgotada).
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